Equipes de Saúde do Estado alertam para os perigos do cerol
Os meses de junho, julho e agosto são os que concentram mais casos registrados com acidentes causados pelo cerol na Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig).
Em grande parte, o aumento no número de casos neste período é atribuído
pelas equipes de Saúde de Minas Gerais em razão do período de férias
escolares.
Os dados mostram que, em 2014, nesses três meses, foram 22 casos e, nos
demais meses, 13 casos. No ano seguinte, somente em junho, julho e
agosto, o número de acidentes foi de 28 casos, e outros 13 no restante
do ano. Já em 2016, foram registrados 25 casos nesses três meses e oito
nos outros. Neste ano, somente no mês de junho, foram nove acidentes
registrados, sendo que durante os outros primeiros cinco meses do ano,
foram registrados seis casos no total.
As lesões mais comuns são as cortantes, nos casos em que a linha está
esticada e alguém, por não ver, acaba tendo contato direto, causando
assim o corte.
Segundo o médico clínico de emergência do Hospital João XXIII,
Marcelo Lopes, “esse tipo de acidente acontece com motociclistas que
estão em velocidades moderadas a altas e cruzam com a linha.
Por impulso, eles colocam a mão para se defender e têm cortes profundos
na mão ou no pescoço”, alerta.
Lucas Alves Duarte, de 25 anos, foi vítima de um acidente com cerol,
quando tinha apenas cinco anos. Ele estava sentado na rua vendo seu
irmão jogar bola, quando uma linha de cerol o atingiu, deixando uma
grande cicatriz no pescoço.
"De repente, vi algo se aproximando e coloquei instintivamente o dedo
indicador na frente. Foi isso que me salvou, mas, ainda assim, cortou
metade do meu pescoço. Se não tivesse colocado o dedo, cortaria o
pescoço todo", relata Lucas, que levou 28 pontos na área do corte e,
hoje, tem como única sequela a cicatriz.
É importante ressaltar que esses acidentes podem provocar muitas
sequelas graves, como cortes e amputações (sequela permanente).
Em alguns casos, inclusive, pode levar à morte, pois, se o corte for
profundo e atingir uma artéria de grande calibre, o sangramento será
mais difícil de ser contido e a hemorragia levará a um estado de choque.
O médico Marcelo Lopes explica, ainda, que há outros casos em que
acontece a inalação do pó de vidro por quem estava preparando a mistura,
levando ao sangramento de vias aéreas.
Prevenção
Para os motoqueiros, é muito importante o uso de capacete, luvas, botas
de cano longo, pois podem acontecer também lesões em membros inferiores
quando a linha está no chão e fia presa à moto. Também é essencial a
antena no guidão e a balaclava (touca que se veste de forma ajustada na
cabeça até o pescoço), além de protetores do pescoço.
Para quem está empinando a pipa, a atenção também deve ser redobrada. É
importante escolher um local longe da rede elétrica, pois, perto de
fiação, a linha com o cerol pode cortar o fio e provocar um curto
circuito ou uma descarga elétrica. Como consequência, podem ser
provocadas queimaduras graves ou até mesmo óbitos.
Emergências
Em casos de acidentes, o médico da Fhemig, Marcelo Lopes, ressalta que
se o corte acontecer nas mãos, braços ou pernas, deve-se comprimir com
um pano limpo e conduzir o ferido à unidade de pronto atendimento mais
próxima.
“Mas, se a lesão atingir face ou pescoço, além de comprimir o local com
um pano limpo, deve-se ligar para o SAMU 192 e seguir as orientações e
condutas do médico regulador”, orienta.
Por CEIMP/Governo de Minas