Flamengo perde em casa e demite o técnico Zé Ricardo
A demissão de Zé Ricardo passou por longo processo. Enquanto crescia o
número de torcedores que pediam a saída do técnico, o mesmo ocorria
entre os vice-presidentes. Mas Eduardo Bandeira de Mello insistia na
permanência. O mandatário acreditava que a simples manutenção do
treinador bastaria para que, com o tempo, o time entrasse naturalmente
nos eixos.
O diretor executivo, Rodrigo Caetano, tinha a mesma
opinião. Mas os últimos resultados e as fracas atuações, com a equipe
não apresentando evolução, o fizeram mudar de ideia. Isso foi importante
para que o presidente fosse convencido de que era preciso trocar de
técnico. Algo como ser favorável à continuidade de trabalho de um
treinador, mas não a uma espécie de continuidade eterna.
Zé
Ricardo teve tempo, recursos, estrutura, elenco. Simplesmente não
conseguiu dar um segundo passo à frente depois do primeiro,
bem-sucedido. Durante 2016, em meio a viagens, jogando pelo Brasil, com
um grupo de jogadores inferior ao atual, assumindo como interino e
herdando uma equipe totalmente desestruturada, chegou a lutar pelo
título brasileiro e terminou em terceiro lugar.
Para este ano
chegaram Diego Alves, Rhodolfo, Trauco, Renê, Rômulo, Conca, Geuvânio,
Everton Ribeiro e Berrío. Nove jogadores para todos os setores do time,
do gol ao ataque. A única baixa foi a saída de Jorge, titular ano
passado na lateral-esquerda, para a qual contrataram dois atletas de
diferentes características.
Além disso, etapas importantes do
Centro de Treinamento foram concluídas, dando ao departamento de futebol
condições muito superiores para o dia a dia. Rotina que não teve mais o
time itinerante, com jogos da Copa Libertadores no Maracanã e já no
Brasileiro na Ilha do Governador, onde o Flamengo preparou o estádio da
Portuguesa para abrigar os seus compromissos.
Apesar de tantos
avanços, o time regrediu. Dificuldade para definir jogos, velho defeito
do ano passado, o que levava a muitos cruzamentos, falta de repertório
nas ações ofensivas, saída de bola preocupante e fragilidade defensiva
foram defeitos vistos nos últimos jogos. Só o Santos fez sete gols em
uma semana na defesa rubro-negra, quatro de jogadas aéreas, deficiência
de 2015, que reapareceu.
Antes da derrota para o Vitória o
sistema defensivo do Flamengo sofreu seis tentos nas cinco partidas
anteriores pela Série A, com os atacantes entrando facilmente entre os
homens na linha defensiva e arrematando cara a cara com o goleiro. A
defesa firme de tantos jogos em 2016 deixou de existir e a ela foram
somados velhos e novos problemas em outros setores.
Não havia o
menor sinal de que o time voltaria a atuar bem. Além disso, alguns
jogadores eram subaproveitados, como o jovem Ronaldo, Mancuello, Rômulo e
Felipe Vizeu, até a saída de Leandro Damião. Também era o caso de
Donatti, que acabou negociado. Zé Ricardo é promissor, pode recolocar a
carreira numa boa rota. Mas não estava pronto para tamanho desafio.
Por Mauro Cezar Pereira/ESPN, via MSN