Após decisão do TST, trabalhadores dos Correios encerram greve
Em assembleias realizadas nesta terça-feira (13), trabalhadores dos Correios de diversos estados aprovaram o fim da greve deflagrada ontem (12) e o retorno aos trabalhos a partir desta quarta-feira (14). Segundo a federação da categoria, apenas dois estados ainda terão assembleias nos próximos dias para avaliar a continuidade da paralisação: Rio de Janeiro e São Paulo.
A decisão foi tomada após o Tribunal Superior do Trabalho julgar ontem (12) o impasse sobre o plano de saúde dos empregados. A direção dos Correios defendia a cobrança de mensalidade dos funcionários e restrição do benefício apenas a estes. Os trabalhadores eram contrários a qualquer mudança no sistema, que garantia seguro-saúde a dependentes (incluindo pai e mãe) com pagamento por procedimento utilizado, e não por parcela fixa mensal.
O item foi o principal impasse da negociação do Acordo Coletivo de
Trabalho, tendo sido encaminhado para análise do TST. O tribunal aprovou
a proposta do relator do processo, ministro Aloysio Corrêa, prevendo o
pagamento de mensalidades variando por idade e remuneração, na
modalidade de co-participação na qual os trabalhadores passam a ter que
arcar com 30% dos valores e a empresa, com 70%. Já pais e mães serão
cobertos pelo plano até o encerramento do ACT em vigor, em julho de
2019.
Em nota, os Correios informaram que na tarde de hoje o TST
determinou a manutenção de efetivo mínimo de 80% dos trabalhadores em
cada unidade, enquanto durasse o movimento.
Grande avanço
A
diretoria dos Correios classificou o julgamento do TST como um grande
avanço. “A decisão ficou distante da nossa proposta inicial, mas é um
reconhecimento de que o custeio tem que ser compartilhado e o primeiro
passo importante para a sustentabilidade do plano e dos próprios
Correios”, avalia o presidente da empresa, Guilherme Campos.
Jurisprudência rasgada
Já
para a Federação Nacional dos Trabalhadores do Correios (Fentect), o
tribunal rasgou sua jurisprudência e atingiu os trabalhadores, que terão
dificuldades de arcar com os custos do plano de saúde. Com o fim da
greve, os sindicatos de trabalhadores se manterão mobilizados para fazer
a defesa da empresa contra as ameaças de privatização.
“Tenho 20
anos nos Correios e em nenhum momento a empresa precisou de recursos da
União para se manter. A presença dela é papel do Estado brasileiro.
Correios têm condição de dar lucro, mas passou por ataque do próprio
governo violento, que deixou a empresa descapitalizada. É preciso
melhorar a gestão e garantir investimentos para que a companhia passe
por este momento de crise”, defende José Rivaldo da Silva,
secretário-geral da federação.
Privatização
Hoje
(13) pela manhã, o ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações, Gilberto Kassab, afirmou que mesmo com o desfecho dado
pelo TST o governo não descarta privatizar a empresa. Ao dar entrevista ao programa Por Dentro do Governo, da TV NBR, Kassab disse: “Ou os Correios diminuem suas despesas ou vão passar por um processo de privatização”. As informações são da Agência Brasil.