Hemominas esclarece mitos e verdades sobre doação de sangue
Não importa saber ou não o próprio tipo sanguíneo: pessoas de ambos
os sexos, com faixa etária entre 16 e 69 anos, peso superior a 50kg e
não portadoras de doenças crônicas estão, geralmente, aptas a doar
sangue.
Em todas as unidades da Fundação Hemominas,
a necessidade de estoque é constante. De acordo com atualização
publicada nesta quarta-feira (15/1), o estoque de sangue tem status de
alerta de bolsas dos tipos O (+), O (-), A (-) e AB (-) e crítico do
tipo B (-). A proximidade do fim do período de férias e do feriado de
Carnaval também interfere na necessidade de mais estoque, já que a
presença de doadores cai nos meses de festas e férias escolares enquanto
a demanda por sangue aumenta devido a acidentes e outros eventos.
Em 2019, 348.158 mil cidadãos compareceram às unidades do Hemominas
de todo o estado para doar sangue. No entanto, muitos deixam de ir por
desconhecimento das condições e restrições para se tornar um doador.
Muitas vezes, mitos impedem o ato de amor e solidariedade que pode
salvar vidas.
Maísa Ribeiro, diretora técnico-científica da Fundação Hemominas,
destaca as principais dúvidas a respeito do tema. “O principal
desconhecimento da população diz respeito a estar ou não apto a doar
diante do uso de medicamentos, ter tatuagem ou piercing, após o retorno
de viagens e ou ser submetido a procedimentos estéticos. Também há
dúvidas sobre problemas de saúde crônicos como hipertensão, diabetes ou
hipotireoidismo. Ressaltamos que todas elas podem ser esclarecidas antes
da doação, no site do Hemominas e ou pelos telefones das unidades”.
A seguir, uma lista de dúvidas comuns respondidas pela médica:
Quem já teve hepatite pode doar sangue?
A Fundação Hemominas segue a Portaria de Consolidação Nº 5, de 28 de
setembro de 2017, que determina que não poderá doar sangue o candidato
que teve hepatite viral após 11 anos de idade (exceto para caso de
comprovação de hepatite A aguda com IgM reagente, a época do diagnóstico
clínico). Essa recomendação se justifica pelo fato de as hepatites
virais com potencial para cronicidade ocorrerem principalmente após a
infância.
O que, realmente, impede a doação?
Peso inferior a 50kg, uso de medicamentos (exemplo uso de antibióticos
ou anti-inflamatórios), doenças crônicas, tatuagem recente, piercing na
cavidade oral, comportamento para risco acrescido de doenças sexualmente
transmissíveis. Os detalhes estão bem especificados no site da
fundação.
Por que peso inferior a 50kg inviabiliza a doação?
O volume de sangue total a ser coletado é diretamente relacionado ao
peso do doador. Para os homens, não pode exceder a 9ml / kg e, para as
mulheres, a 8ml / kg peso. O volume de anticoagulante da bolsa é
padronizado para um mínimo de 400ml de sangue (quantidade suficiente
para se ligar ao sangue e impedir a coagulação). Assim, a pessoa com
menos de 50 kg não poderá doar esse volume mínimo de sangue.
Ter tido doenças como catapora e sarampo ao mesmo tempo, inviabiliza a doação?
Não. Após a vacina contra sarampo e/ou catapora (varicela) deve-se aguardar quatro semanas para efetuar doação de sangue.
Fazer sexo com um parceiro apenas, mas sem uso de preservativo, inviabiliza a doação?
Pessoa com parceiro sexual fixo nos últimos 12 meses, mesmo sem uso de
preservativo, pode se candidatar a doar. No entanto, deve-se levar em
conta o contexto da relação e outras variáveis como: o parceiro do
candidato à doação não pode ter outros parceiros sexuais. Caso o
candidato à doação de sangue tenha um parceiro sexual fixo, mas este
tenha relação com outras pessoas, ele estará inapto para doação de
sangue devido ao comportamento de risco do parceiro. Essa é uma situação
delicada, que deve ser avaliada com cuidado seguindo todas as
orientações contidas na Portaria de Consolidação Nº 5, de 28 de setembro
de 2017.
Quanto tempo é necessário esperar entre uma doação e outra?
Mulheres podem doar sangue com um intervalo de 90 dias entre uma doação
de sangue total e outra, e até no máximo três vezes em um período de 12
meses. Homens podem doar sangue com um intervalo de 60 dias entre uma
doação de sangue total e outra, até no máximo quatro vezes por ano.
É possível doar sangue após passar por cirurgias?
Depende do porte da intervenção. Geralmente, cirurgias de pequeno porte
vão inaptar o candidato à doação apenas por três meses ou até menos
tempo. Já as normas para cirurgias de médio e grande porte dependem do
local da cirurgia e da causa da mesma. Essas exigirão tempo geralmente
acima de seis meses. Por exemplo, cirurgias cardíacas são causas de
inaptidão definitiva para a doação de sangue, visando à proteção da
saúde do candidato.
A mulher deve esperar quanto tempo para doar após dar à luz?
Parto normal, após três meses, cesáreo, após seis meses. A amamentação
impede a doação até a suspensão ou até 12 meses após o parto.
O tabagismo inviabiliza a doação?
Não, mas o que recomendamos, para diminuir a repercussão dos efeitos do
cigarro junto aos prováveis efeitos da doação de sangue, é evitar fumar
antes e após a doação. Não há consenso do tempo ideal, a Fundação
Hemominas não restringe, mas acha prudente o candidato fumante evitar
fumar duas horas antes e até duas horas depois da doação de sangue.
Importante lembrar que o fumante somente estará apto à doação de sangue
se não tiver doenças pulmonares relacionadas ao cigarro e durante a
avaliação clínica na triagem para a doação não houver alterações na
ausculta pulmonar.
O uso de álcool e ou de drogas ilícitas impede a doação?
A ingestão de álcool na dose máxima de 40g impede a doação por um prazo
de 12 horas. Consumo em dose superior impedirá a doação por 24h. O
usuário de maconha poderá se candidatar a doação de sangue 12 horas após
o consumo. O uso de cocaína por via nasal (inalação, cheirar) é causa
de exclusão da doação por um período de 12 meses, contados a partir da
data da última utilização (em virtude da possibilidade de transmissão de
agentes infecciosos também por esta via). No entanto, é importante
salientar que, em todos os casos, a aptidão dependerá da avaliação
clínica do candidato antes da doação de sangue. Já história atual ou
pregressa de uso de drogas injetáveis ilícitas (ilegais) é
contraindicação definitiva para a doação de sangue, pois é relacionado à
aquisição de doenças infecciosas e transmissíveis pelo sangue. O uso de
outras drogas será avaliado pelo triagista durante a consulta.
Há diferença na necessidade de um ou outro tipo sanguíneo ou todos são bem-vindos e importantes?
Todos os tipos sanguíneos são bem-vindos. O tipo O negativo é o doador
universal, sendo muito utilizado em emergências médicas e não é muito
prevalente na população, sendo o tipo sanguíneo mais necessário no banco
de sangue. Sempre precisamos dos tipos sanguíneos negativos (de
qualquer grupo). É importante lembrar que os tipos mais prevalentes na
população (O+ e A+) também são largamente utilizados. A Fundação
Hemominas atualiza o seu estoque diariamente no site e incentiva o
doador a consultá-lo antes de agendar sua doação ou ir até o hemocentro.
Essa conscientização dos grupos sanguíneos racionaliza a coleta, o uso e
evita desprezos de excessos de determinados grupos que não são tão
utilizados na prática clínica.
Outras dúvidas podem ser esclarecidas no site do Hemominas, na seção critérios e restrições.
Por Agência Minas - 15/01/2020