Agnaldo Timóteo morre de Covid-19 aos 84 anos
O cantor Agnaldo Timóteo morreu neste sábado (3) aos 84 anos, em decorrência de complicações causadas pela Covid-19. O artista deu entrada no Hospital São Bernardo, no Rio de Janeiro, dia 17 de março e dez dias depois precisou ser intubado.
Os familiares do artista relataram sucessivas pioras no quadro do
artista e pediram correntes de oração, no que foram atendidos pelos fãs
do cantor.
A morte aconteceu às 10h45 e foi confirmada pela assessoria do cantor.
"É com imenso pesar que comunicamos o FALECIMENTO do nosso querido e
amado Agnaldo Timóteo. Agnaldo Timóteo não resistiu as complicações
decorrentes do COVID-19 e faleceu hoje às 10:45 horas.Temos a convicção
que Timóteo deu o seu Melhor para vencer essa batalha e a venceu!
Agnaldo Timóteo viverá eternamente em nossos corações!", diz o texto.
Timóteo já havia recebido as duas doses do imunizante contra o
coronavírus. No entanto, os médicos acreditam que o cantor foi infectado
no intervalo entre a primeira e a segunda dose da vacina.
Natural de Caratinga, em Minas Gerais, Timóteo se mudou para
Governador Valadares aos 16 anos, onde se tornou torneiro mecânico. Na
década de 1950, em busca do sonho de ser cantor, foi para Belo
Horizonte. Embora fosse conhecido como "Cauby mineiro" na cidade,
Timóteo não obteve muito sucesso.
Já na década de 1960 mudou-se para o Rio de Janeiro e passou a
trabalhar como motorista particular para o empresário e produtor Kléber
Lisboa. Conquistou a admiração da esposa de Kléber, a cantora Angela
Maria, consagrada, na época, como a "Rainha do Rádio", que passou a
apoiar sua aspiração pela carreira artística.
Ao longo dos mais de 50 anos de carreira musical, Agnaldo Timóteo
lançou mais de 30 LPs, mais de 20 CDs e três DVDs. Mesmo tantas décadas
depois, o cantor seguia com mais de 100 mil ouvintes mensais segundo o
Spotify.
Em 2019, o artista sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) e precisou ser colocado em coma induzido.
Carreira Política
Agnaldo Timóteo se candidatou ao cargo de deputado federal pelo PDT
do Rio de Janeiro nas eleições de 1982 e obteve a maior votação daquele
pleito: mais de 500 mil votos. Deixou a Câmara no fim da legislatura, em
janeiro de 1987, retornando à vida artística.
Em 1990, já no PDS, voltou ao cenário político e disputou o governo
do Rio de Janeiro contra seu ex-aliado Leonel Brizola, que venceu o
pleito ainda no primeiro turno.
O cantor voltou a se candidatar a deputado federal em 1994.
Concorrendo pelo Partido Progressista Reformador (PPR) - resultado da
fusão do PDS com o Partido Democrata Cristão (PDC) - obteve votação
inexpressiva. O Tribunal Regional Eleitoral (TRE), diante de uma
suspeita de fraude, impugnou as eleições e convocou novo pleito. O
desempenho de Timóteo foi o suficiente para conquistar a primeira
suplência e o levar à Câmara novamente, em maio de 1995.
Timóteo substituiu o deputado Amaral Neto, que precisou se afastar
por motivos de saúde, e atuou como titular nas comissões de Defesa do
Consumidor, de Meio Ambiente e das Minorias. Ele atuou também junto à
comissão especial criada para analisar a proposta de abertura de
cassinos no país.
Com a fusão do PPR com o Partido Progressista (PP) em 1995, o cantor
filiou-se ao Partido Progressista Brasileiro (PPB). Com a morte do
deputado Amaral Neto, em outubro do mesmo ano, Timóteo foi efetivado na
Câmara. Em julho de 1996 tornou-se membro das comissões de Viação e
Transportes e de Direitos Humanos.
Nas eleições de 1996, em outubro, concorreu ao cargo de vereador Rio
de Janeiro pelo PPB e conquistou 29.383 votos, alcançando a maior
votação do partido. Renunciou ao cargo de deputado federal e assumiu o
mantado na Câmara Municipal do Rio em janeiro de 1997. Na Câmara dos
Deputados, foi substituído pelo suplente Osmar Leitão.
Tentou se reeleger em 2000, mas não obteve sucesso e deixou o cargo
em janeiro de 2001. Mudou-se para São Paulo e pelo Partido Progressista
(PP) - legenda oriunda da refundação do PPB - voltou a se candidatar
como vereador e foi eleito em 2004.
Começou o mandato na Câmara Municipal de São Paulo em janeiro de 2005
e logo em julho do ano seguinte migrou para o Partido Liberal (PL).
Seis meses mais tarde, a sigla anunciou a fusão com o Partido de
Reedificação da Ordem Nacional (PRONA), originando o Partido da
República (PR).
Em 2008, foi reeleito para um novo mandato como vereador por São
Paulo. Dois anos depois, no mês de outubro, se licenciou do cargo para
disputar uma vaga na Câmara dos Deputados. No entanto, conseguiu apenas
uma suplência.
De volta ao mandato de vereador, destacou-se na Comissão da Verdade,
criada em abril de 2012 para investigar violações de direitos humanos no
período do Regime Militar. Apesar de crítico à criação da Comissão,
integrou o grupo até agosto.
Nas eleições de outubro de 2012, Timóteo tentou se reeleger, mas não
obteve sucesso. Após a derrota, o cantor declarou estar decepcionado com
os números e anunciou que iria se retirar das atividades políticas para
retomar a carreira artística.
Por Renato Barcellos, da CNN, em São Paulo - (03/04/2021)