Disparada do petróleo provoca novo reajuste do preço do botijão de gás de cozinha
O preço do botijão de gás de 13 quilos nunca esteve tão alto no Brasil, e a tendência é piorar diante da atual escalada de preços do petróleo no mercado internacional. Nesta semana, a Petrobras anunciou aumento de 6% para o gás liquefeito de petróleo (GLP), que já tinha sido reajustado em 5% no início de dezembro passado – o que poderá levar usuários a buscarem alternativas, como a lenha e o etanol.
A alta afeta tanto o preço do gás de cozinha, que será vendido nas
refinarias por R$ 35,98 o botijão, quanto o GLP a granel, utilizado por
indústrias, comércio, condomínios e academias, entre outros.
“O GLP está deixando de ser um produto de utilidade pública por causa
do alto preço, as famílias em miséria absoluta só crescem no Brasil,
contradizendo todo discurso de energia barata do governo. Nunca o preço
foi tão alto”, afirma o presidente da Associação Brasileira dos
Revendedores de GLP, Alexandre Borjaili.
O preço do gás de cozinha ficou congelado entre 2007 e 2014, e passou
a ter reajustes mensais em 2017, durante o governo Michel Temer. Na
mesma gestão, após reação negativa à medida, o botijão passou a ter
ajustes trimestrais. Com a entrada do governo Bolsonaro, em 2019, as
mudanças de preço passaram a seguir as oscilações do mercado
internacional do petróleo, sem periodicidade definida.
De acordo com a prévia do Índice Geral de Preços ao Consumidor
(IPCA-15), em 2020 o preço do gás de cozinha subiu 8,3%, enquanto o gás
encanado caiu 1,09% e o gás veicular recuou 1,29%. A alta do botijão é
quase o dobro da inflação prevista para o período, de 4,23%. A Petrobras
fica com 46% do preço do produto, enquanto distribuição e revenda
respondem por 36%; 18% se referem a impostos. Nas refinarias, o aumento
chegou a 21,9% no ano passado.
“A tendência é que o preço do botijão atinja de R$ 150 a R$ 200 este
ano”, projeta Borjaili, informando que os revendedores estão buscando
alternativas, levando em conta também a venda da Liquigás pela
Petrobras. “O GLP, agora, está na mão de multinacionais e o princípio
social do botijão de 13 quilos foi totalmente abandonado.”
Variação
Colado no preço do petróleo, que não para de subir neste início de
ano com as notícias sobre o início da vacinação contra a pandemia em
vários países, o preço do botijão de 13 quilos oscilava entre R$ 59 e R$
105, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biodiesel (ANP) da última semana do ano passado. O preço médio da
revenda do botijão, ainda segundo a ANP, saiu de R$ 69, em março
passado, para R$ 75 em novembro. Há cinco anos, era revendido a R$
47,43.
Segundo a Petrobras, o preço do gás de cozinha foi afetado pela maior
demanda em 2020, ao contrário de outros produtos da empresa, como
gasolina e diesel. “Os preços internacionais de diesel e gasolina foram
afetados negativamente pelas restrições de circulação devido à covid-19.
Por outro lado, no mesmo contexto, os preços internacionais de GLP se
valorizaram pela maior demanda para cocção, aquecimento e petroquímica.
Esses efeitos se refletiram nos preços internacionais de referência e,
consequentemente, nos preços internos praticados no Brasil”, explicou a
estatal.
O GLP também superou o preço do gás natural, o que é explicado pela
diferença entre os dois combustíveis. “O ‘gás encanado’ e ‘gás veicular’
referem-se ao gás natural, produto extraído diretamente do subsolo e
processado em Unidades de Processamento de Gás Natural (UPGN). Dessa
forma, o gás natural não necessita passar pelo refino para produção e
comercialização”, explicou a empresa.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. - (08/01/2021)